segunda-feira, 6 de abril de 2009

Entrevista oficial com Dead Fish


Enfim, no ar. Essa entrevista foi uma das primeiras concedidas por Rodrigo Lima para falar do disco mais recente, Contra Todos, lançado em fevereiro. As respostas foram enviadas em 19 de janeiro e seria algo como a entrevista oficial do Dead Fish. Porém, como ainda não foi publicada em nenhum lugar, propus ao entrevistado postar aqui para que não passasse da data de validade e para que a humanidade conhecesse um pouco mais das idéias do vocal da banda.
Sem mais delongas, segue a entrevista.
por Márcio Sno
Fotos: Márcio Sno (as meia-boca) e
Maurício Santana (as ótimas)


Vocês sempre tocaram com duas guitarras. Como foi a adaptação para apenas uma? A idéia é continuar assim ou pensam em colocar outra mais adiante? Como está o som? O que perderam e o que ganharam?
O Phil conseguiu suprir bem este papel, demos a ele até a opção de convocar alguém pra fazer o trampo mas, a meu ver, acho que ele segurou de boa, ele é um puta guitarrista, né? Acho que se tornou até mais criativo em alguns momentos, pra mim está ótimo como está, mas se um dia ele achar que precisa de um cara, ele escolhe.
O som perde em detalhes e ganha em peso, coisa que sempre gostei mais, e apesar de guitarrista ser tudo surdo, ególatra do caralho, o palco ficou mais baixo e preciso também, tudo mais sequinho, ficou mais punk eu acho.

Algo que o Dead Fish tem de diferente das bandas de rock que apareceram na mídia recentemente é que faz músicas com mensagens de protesto, que garante a autenticidade dos ideais de vocês. Quando é que vão fazer músicas quem falam de amor não correspondido e dor de chifre?
Porra cara, eu gostaria de escrever uma música de amor legal um dia, tentei agora no Contra Todos na música de mesmo nome, fiz do meu jeito, sempre fica um pouco piegas porque é difícil escrever direito sobre amor, às vezes ser mais subjetivo neste tema pode ajudar, mas saiu como a naturalidade que o trampo todo foi feito, não me preocupei muito no que iam achar, escrevi o que estava sentindo naquele dia.
Quanto a escrever sobre amor não correspondido ou dor de chifre eu não posso, sempre fui correspondido em minhas paixões e nunca fui chifrado hahahaha.

Uma vez vocês tocaram numa festa de rodeio e só descobriram isso na hora, o que fez com que você, Rodrigo, mandasse várias mensagens para o público do local e quase foram linchados. Na revista Época, o Di do NX Zero disse que “só quem tem síndrome de underground reclama, porque [esse tipo de evento] abre um puta espaço”. O que pensa dessa declaração? Faz algum tratamento para a sua síndrome?
Cara, cada um tem um foco na vida, eu não toco em festa de rodeio nem se me derem todo o dinheiro e o espaço do mundo, e isso nunca foi consenso dentro da banda, mas eu sempre bati o pé.
O Diego (este é o nome dele acho eu, prefiro chama-lo pelo nome, não tenho tanta intimidade pra chamá-lo de Di) não esta errado quando diz que é um espaço que se abre, sem dúvida é, mas a um custo pra outros (os bichos obviamente) que não bate com minha ética pessoal, e não faço e ponto. Se eles acham que devem fazer que façam, pela grana, pela exposição que seja, é um mundo numa economia de mercado que esta acabando e cada um aproveita como pode e como dita sua consciência. Mas eles têm que saber que quando receberem uma crítica sobre este assunto não deveriam sair pela tangente com uma resposta destas, assumam que a grana é interressante e que tocar no interior pra um público grande só em eventos assim, acho bem simples.
Já falei sobre a síndrome de underground em algumas de minhas entrevistas e isso existe sim, gente que não conseguiu chegar onde pretendiam e começam a fazer este discurso, o povo brasileiro é meio assim sim, todo mundo tem que ser fudido e humilde, é uma bosta mesmo, mas neste caso foi uma resposta oportuna pra uma situação totalmente inorportuna.

Em sites de relacionamentos algumas pessoas comparam o Dead Fish com bandas como NX Zero ou Fresno (ex: o DF é assim, NX é assado). Isso incomoda vocês?
Nem um pouco. Na real a gente tem internamente que nem a massa nem a elite dá informação neste país são muito sagazes, acabam sempre tendo que achar comparações fáceis pra terem que pensar pouco e escrever com menos risco.
No começo dos anos 90 traçaram um paralelo entre a gente e o grunge, no fim dos 90 como CPM22, e agora com esta rapeize. Pra mim tranquilo, sempre fiz o meu do meu jeito, nunca quis tocar arrastado com blusa de flanela num calor de 40º no Espírito Santo, nem fazer as rimas do CPM apesar de sempre ter gostado da banda, nem ter o cabelo de alguém do Fresno.
Portanto, seguimos nosso caminho, quem tiver paciência pode pesquisar por aí o que já foi escrito e dito sobre a banda, deve estar tudo na internet de 91 até hoje, já saimos de salvadores do independente e fomos até os meninos mais feios da música brasileira, pra mim normal nunca me levei muito a sério e nem nada nem ninguém.

O público do Dead Fish constantemente se renova. Qual a comparação que faz da galera que ia ao show de vocês do começo dos anos 90 com o de agora?
Este fato pra mim é a maior incógnita desde sempre, nosso público tem sempre caras novas e sendo uma banda velha como somos isso sempre me intrigou. Alguns dizem que é minha postura de palco sempre meio no limite do idiota e isso atrai a gurizada, outros dizem que é porque sempre fizemos o som que queríamos sem ouvirmos muito o que está fora e isso nos deixou livres pra fazermos coisas que outras bandas não se dispuseram.
É fato que desde depois que assinamos [com a Deck] uma molecada que "entende menos" a porra toda começou a aparecer e sendo assim muita gente sem noção passou a se machucar muito mais nas apresentações achando que pular do palco é a única coisa a ser feita numa gig nossa. Confesso que isso assustou bastante e causou muita discussão dentro da banda, sempre tive a postura de achar que o público tem que saber o que está fazendo e junto com a banda fazer o bagulho acontecer. O que já me custou caro muitas vezes, brigamos muito em 5 anos, acho que mais do que em 13 de banda. Confesso que passei dos limites do razoável algumas vezes e o público sabe que também já cagou várias vezes, só que não assume porque o bagulho é coletivo.
Segurar uma manada de garotos cheio de hormônios a flor da pele não é nada fácil. Chegamos a pedir durante um tempo barricada mas isso é paliativo, o público do DF desde sempre é muito vigoroso e se quiserem não tem segurança que breque, tem que puxar pelo senso de manada mesmo ou puxar pela consciência. Tem que falar com o cara lá no meio, olhar no olho dele, se tiver que xingar, xinga; se tiver que parar o show, para; se tiver que terminar a apresentação faça isso, nunca deixar ir pro lado da violência, que nunca começa com o público, os guris que colam no show não são violentos são é agitados, quem começa sempre é a segurança que normalmente não esta preparada, sempre tentamos conversar com a segurança antes dos shows e explicar o que vai acontecer, não admitimos ver um moleque do público ser arrastado ou mal tratado achamos assim mais certo, mesmo que dê mais trabalho.
Nos anos 90 isso tudo era mais simples, conhecíamos todos que estavam no público e eles a nós, era meio óbvio saber como proceder.

Com a exposição, vocês agora lidam com o assédio de pessoas pedindo para tirar foto, dar autógrafo... Como foi para vocês quando esse tipo de coisa começou a acontecer? É tranqüilo isso?
Isso já acontecia desde o Afasia.
Eu sempre fui meio contra dar autógrafo acho que os garotos acabam se desnivelando se colocando um degrau abaixo, cultuando o que não deveriam.
Com o tempo acabei aceitando isso como uma "prova de carinho", tem nêgo que fica boladasso quando você se nega a escrever no CD dele ou na camiseta, e não tente explicar em dois minutos que você é igual a ele e que ele não deve cultuar uma personalidade porque ele não vai entender, vai sair puto da cara e te chamando de estrela.
Eu sempre digo que prefiro tirar foto e é o que mais acontece hoje em dia, quem vem pedir autografo é nos CDs e acho isso mais tranquilo.

Uma galera mais antiga, radical, acusa o Dead Fish de “vendido” por assinar com uma grande gravadora. Ainda rolam essas acusações? Como lidam com isso?Eu não sei se nos acusam disso ainda, eu sou tão radical quanto eles pra dizer que eles estão errados, sempre estiveram, e que eles devem desistir de sua falta de autoestima e fazer algo sem medo dos caminhos que vão trilhar.

O disco anterior se chama Um homem só e o novo Contra todos. Há alguma relação?
Rapá, outro dia o Flávio Bá, que fez a capa do Contra Todos, me falou sobre isso, nem tinha percebido que um título completa o outro, acho que inconscientemente a coisa aconteceu sim, mas ainda não consigo achar uma relação entre eles, são discos muito distintos, letrística e musicalmente falando.

Desde do lançamento de Um homem só se passaram mais de 2 anos. Qual o motivo desse hiato?
A gente sempre fica 2 anos sem lançar nada desde depois do Sonho Médio é meio praxe, mas eu gostaria que não fosse.

Como foram as gravações desse disco? Algum fato inusitado? Participações especiais?
Fizemos no Hellno, o estúdio que o Nô fez no ano passado pra ele.
Tudo começou conturbadamente com a saída do Hóspede da banda em fevereiro, depois se acalmou e fizemos tudo com uma tranquilidade que só tivemos quando ensaiávamos no Sala 11 em Vitória.
Resolvemos que seria um CD simples e de um quarteto, e foi o que aconteceu, escrevi tudo com uma fluidez que fazia tempo que não tinha, o Phil pôde se focar na música sem traumas ou muitas discussões de conceito, o Alyand apresentou músicas coisa que não fazia desde Zero e Um e o Nô teve a calma de poder ensaiar e arranjar tudo em casa, enfim é um CD bem resolvido.
Nós queríamos algumas participações sim, mas aí veio a tempestade do fim do ano, com a saída do Nô e com os problemas com data no estúdio da Deck. Eu queria chamar o B Negão pra falar umas paradas antes de duas músicas, e o André do Good Intentions na música "Venceremos", admiramos os dois pelos seus trabalhos e teria sido lindo demais, mas foi tudo tão corrido que acabamos desistindo, quem sabe consigamos nos shows durante a tour.
Os caras do Confronto [Felipe Ribeiro e Felipe Chehuan] fizeram vários backings e isso já nos deixou feliz pra cacete, é uma banda que adimiramos tanto quanto os caras que queriamos convidar.

Comparando Contra Todos com os demais discos do Dead Fish, esse é o mais rápido, enérgico e com letras mais corrosivas. Por que esse ódio todo no coração?
Hehehehe, você vive em São Paulo deve saber bem o porquê. E não é ódio é agressividade, é um CD bem positivo.

É muita pretensão afirmar que esse pode ser o melhor disco de vocês?
Não é pretensão, é fato.
Sinto muito orgulho de ter conseguido terminar este trabalho amando ele, o que raramente acontece comigo.

Nas letras do Dead Fish geralmente você utiliza metáforas para passar uma mensagem. Nesse novo disco as letras estão mais diretas, sem intermediários. Por que está utilizando dessa fórmula?
Acho que é nosso momento se não fosse assim não seria verdadeiro.

Boa parte das músicas aponta quebras de paradigmas e sensação de liberdade. Quais são esses paradigmas e que liberdade é essa?
Não esperava esta pergunta sinceramente... Difícil de responder, vou tentar ser coerente e racional na resposta.
Sempre foi algo meu prezar minha liberdade, as pessoas me acham difícil por isso, existe um consenso que vou ao limite do razoável para manter a idéia, acho que busquei isso em todos os trabalhos do Dead Fish desde o Sirva-se e neste as coisas aparecem mais claras e simples, como devem ser mesmo.
Sabe quando as pessoas te dizem: "Arrume um emprego, pague suas contas, cheire pó" ou "Toque mais devagar, torne-se adulto, vista-se como um homem" ou até "Você está ficando velho, aprenda música, seja criativo" e você fica puto pensando que isso é uma ordem? Pois é.
A contradição de estar sossegado com o que eu faço e com o que as pessoas esperam de mim torna tudo mais complicado. Talvez por isso as letras mais diretas. Dizer às claras: "Não acredito em nada disso que vocês dizem e vou continuar fazendo do meu jeito, mesmo que as consequências ao seu ver sejam trágicas, vocês já me tiraram a inocência de acreditar que o mundo é bom e agora querem que eu morra junto com vocês? Vão todos a merda!". Não sei bem se é isso que quero dizer no trabalho todo, mas a grosso modo pode ser.
Existem duas frases que podem sintetizar ali dentro do trabalho a sensação de manter a liberdade até as últimas consequências uma é "Somos nós contra todos, vamos vencer" e outra é "Se não somos iguais, o que nos mata é sempre o mesmo, Venceremos!".
A palavra vitória é bem recorrente né? Talvez por ter nascido numa cidade com este nome, vai saber.
Que liberdade é esta? A mesma que vendem em qualquer propaganda de carro, só que reivindicada aqui e agora, e sem precisar de trinta mil pra usufruir dela.

Na faixa-título, a letra é como uma declaração de amor à sua esposa. Guardadas as devidas proporções e contextos, é algo parecido com o que Bono Vox fez na música “The Sweetest Thing”. Como foi a história de amor que deu origem à letra?
Tá tirando mano? Bono Vox?
Ah, tá bom vai, eu até gosto bastante de outras músicas dele, "Walk on" é uma e não a que você citou, tem uma do REM que gosto também que é "Everybody Hurts" nem sei se é este mesmo o título, ou "Nothing man" do Pearl Jam também serve.
O fato é que minha mulher odeia viver aqui e eu amo esta merda toda, ela tem uma realidade dura como trabalhadora de 8h às 18h, não a culpo por odiar o dia-a-dia dela. É uma cidade pra gente rica ficar presa no engarrafamento e cínica pra quem tem que usar transporte público e pagar aluguel. Moramos no centro o melhor lugar da cidade pra quem não quer ter carro ou andar 20 quilômetros pra comer comida vegetariana.
Acontece que um dia um mendigo morreu em frente à janela da minha casa, bem embaixo, e foi ela quem viu o cara vomitar a última bola de sangue e foi ela que parou pra chamar o socorro enquanto as pessoas pulavam o cara atrasadas pro trabalho.
Como ela disse, não é glamuroso ver gente morrer na porta de casa, não é glamuroso ver moleque pitando crack numa madrugada fria e nem gente doida varrida de verdade comendo bosta de cachorro na [Praça] Roosevelt. Pode até ter um monte de gente média inteligente aí que ache bonito mas nem ela e nem eu achamos isso.
Daí ela resolveu dar o fora, picar a mula, rachar no trecho e com razão me deixar na bota. Fiz a letra em 20 minutos olhando a cidade pela janela. “Contra todos” era exatamente o sentimento que tínhamos em comum e talvez a única coisa que nos unia naquele momento.
Isso sim é glamour! É a mesma coisa que falar de uma relação de amor em Nova Iorque, só que com um pouquinho assim de Carimbó, fome, lixo, crack, cinísmo e racismo.

A maioria das bandas que assinam com grandes gravadoras tem seu som adequado ao mercado que a empresa quer atingir. O Relespública, por exemplo, passou por essa experiência e acabou voltando para a independência. Vocês sofreram esse tipo de “lapidada”?
Não mesmo, acho que o nosso CD mais "lapidado" é o Afasia, o Zero e Um é uma porrada urgente bem diferente, não aconteceu mesmo conosco.

Por ser o último disco pela Deck, a banda está voltando ao velho esquema de divulgação e management feito na época em que lançavam discos de forma independente. Por que voltar a essa velha forma e como isso está sendo feito?
Estamos fazendo o que sempre fizemos, tirando um tempo que tivemos um empresário as coisas mudaram bem pouco. Cuidamos de fechar nossos shows, do merchan, das tours, só não temos mais a gravadora (Terceiro Mundo) que tomava bastante tempo.

Lembro de quando recebi a demo-tape (Re) Progresso? junto vieram algumas capinhas a mais para que fossem feitas mais cópias da fita e ajudar na divulgação da banda. Hoje rola toda essa conversa de “caça aos piratas” e tudo mais. Como vêem essas duas situações? Qual o impacto da circulação de MP3 para o Dead Fish? De que forma isso ajuda e prejudica o trabalho de vocês?
Eu gostaria que as pessoas comprassem nossos CDs se gostarem do trampo, nem ganhamos grana com a venda de CDs, nosso contrato não é dos melhores com a Deck, mas eu acho que se você compra o trampo do cara isso é valorizar quem está produzindo coisas no Brasil. Eu faço isso, se gosto da banda eu faço questão de pagar pelo que ele fez.
A gente sabe que a indústria erra quando tem custos altos e erra quando fica propondo coisas absurdas e inalcançáveis hoje, como impedir a replicação de uma tecnologia como o CD em uma comunidade de compartilhamento ou em outra mídia. Erra também em ter uma lei rígida demais feita em 98, eles demoraram a achar alguma saída e estão condenados a morrer mesmo, assim como já morreram boa parte dos selos independentes mundo a fora, o que é uma pena.
O MP3 nos divulga e é bom isso, mas nos divulga de maneira compactada e nivelando gente muito boa com coisa muito ruim por aí e este é o maior demérito da música compactada, nivelar por baixo.

As bandas como o Dead Fish exigem uma estrutura de som básica para pode fechar contrato, ao invés de tocar com “o que tiver”. O que podem falar a respeito disso?
Pois muitas pessoas (até de outras bandas) podem achar que isso de ter um equipamento bom é frescura...
Sim, com o tempo fomos vendo que ter um mínimo tecnicamente não é luxo, é básico. E aí voltamos ao assunto que já falei acima, nego no Brasil acha que todo mundo tem que ser tosco e isso é uma prova de humildade, coisa que é extremamente irritante, e uma grande mentira oportunista também porque até pra ser tosco tem que ter infraestrutura. Dar um mínimo é prestigiar o cara que saiu da casa do caralho pra tocar na tua cidade, é tornar a tua produção um atrativo, é nivelar por cima toscos, cools e virtuoses.
Não queria que bandas novas tivessem que passar o que nós passamos, isso iria poupar um bom caminho pela frente dos caras, mas acho que isso é como o dia da marmota, saca? Se repetirá pra sempre até que nego se canse e pare ou passe a ser mais exigente.
O pior é que ouço os dois lados sempre por muito tempo. Tem gente de banda que fala disso há mais de dez anos e é tirado de mané e gente que faz produção com equipamento tosco há quarenta anos que acha que esta fazendo muito em já colocar um retorno pra voz ali, que acha que ter água pra banda no palco é frescura, isso sem falar nos nêgo mal intencionados que jogam 20 bandas pra tocar num evento e querem que elas se resolvam sozinhas na porrada. Assim vamos seguindo a brazaland way of life.

Um pouco depois que lançaram o DVD MTV Apresenta foi comentado que vocês iriam lançar um outro em comemoração aos 15 anos da banda, o que não aconteceu. Há expectativa de lançar algo parecido?
Não temos mais este projeto, quando quisemos não rolou grana e a Deck já tinha outras prioridades que não nós. Se um dia acontecer espero que seja um de história da banda mesmo.

Vocês lançaram uma camiseta comemorativa aos 17 anos da banda. Porque exatamente nesse número que resolveram fazer isso? Alguma coisa mística envolve isso?
Apenas quisemos fazer uma camisa comemorativa, como você disse fizemos quinze anos e não fizemos nada, fizemos 10 anos e não fizemos nada, acabamos fazendo nós mesmos uma camisa comemorativa antes da maioridade.
Tem algo místico no número dezessete? Se tiver me conta.

O Dead Fish quase acabou um bocado de vezes e está na ativa há 17 anos. Qual o motivo que você acha que não teria mais volta? Tem receio desse dia chegar?
Na real eu achava que quando o Nô saisse que a banda deveria acabar, ele era o último cara que fundou a banda que estava ali (a banda teve um vocalista por 2 meses chamado Suicidal eu fui convidado pra entrar no lugar dele), mas no ritmo que estamos agora não podemos parar, investimos nossas vidas nesta porra e, eu principalmente, acho que não sei a médio prazo fazer outra coisa.
Já desejei até que a banda acabasse pra te ser sincero, mas hoje o que quero é cair na estrada e fazer a tour deste trabalho e o resto que aconteça. Tenho o melhor trabalho do mundo e sei que nêgo sente muita inveja disso, foi o Nô que me disse isso uma vez, costumava não acreditar nisso mas hoje tenho plena certeza. Me deixa ficar mais um, dois, vinte anos nesta vida que tá bom demais.

Como é viver de música? Aliás, fazem algo além da banda pra garantir o sustento da família?
Não acho que trabalhar enalteça a vida de ninguém muito ao contrário. Consegui chegar até os trinta e cinco fazendo o que queria e isso é um previlégio, não tenho a ilusão que vou ter que pagar caro pela heresia de ter ficado metade da minha vida sem ter um patrão ou alguém a quem me reportar como um subalterno, no entanto tenho que dizer que viver da música é a melhor coisa do mundo e rrrrecomennnnndo.
Os caras da banda que têm filhos sempre tiveram que fazer coisas paralelas pra manter suas vidas, talvez se tivéssemos nos – como foi mesmo que disse? – "lapidado" isso não tivesse acontecido, mas a vida são escolhas, meu caro.

Qual o balanço que fazem de 17 anos de banda?
Foi um delicioso inferno chegar até aqui.
Dizem por ai que resolver os problemas do mundo é coisa de vagabundo. Bom, tenho um incômodo sentimento de missão cumprida.

Sucesso é tudo?
Não, visual é tudo!

http://www.deadfish.com.br
http://www.myspace.com/deadfishoficial
http://www.fotolog.com/deadfishoficial
http://www.deckdisc.com/contratodos

2 comentários:

Nessa disse...

Grandessíssimo Rodrigo!!
Curti a entrevista, parabéns!

Anônimo disse...

Parabens da pra saber bastante coisa nessa entresvista.

Muito dez


Dead Fish Forever