Quando recebi o convite da UERJ para realizar a exibição do documentário
Fanzineiros do Século Passado, a ideia a princípio era fazer a exibição na sexta-feira e tentar aproveitar o restante dos dias para conhecer a Cidade Maravilhosa. Porém, quando contei a notícia para Leonardo Panço, ele sugeriu de aproveitar os demais dias para exibir em outros lugares. Pronto. Meus planos foram para o espaço.
Fiquei meio contrariado. Mas quando ele me passou alguns contatos, comecei a me empolgar. Quando me dei conta, já estava fechado com Subterranea, em Resende, e Sesc Barra Mansa. E ainda tinha a Estácio Madureira, que acabou fechando mesmo quase na véspera.
Enfim, tudo fechado. E lá vai eu voar para o Rio, pela primeira vez. Saí de uma São Paulo fria com o piloto dizendo que às 10h a temperatura no nosso destino era de 30 graus. Não fui o único que não soltou algum ruído.
No aeroporto do Galeão fui recepcionado por Ricardo Caulfield, da UERJ, e Michael Meneses, responsável pela articulação e um dos maiores divulgadores do documentário.
Realmente estava quente. E lá fomos nós procurar o ônibus que nos levaria para Madureira. Sim, fomos de coletivo, afinal, sou do rock e não tenho medo! Em pé, no ônibus cheio, Michael Meneses foi apresentando a cidade, enquanto conversávamos sobre muitas coisas que rodeiam o universo do rock.
Mudamos de ônibus e fui apresentado aos diversos morros e escolas de samba, além de cruzar o Complexo do Alemão. Tudo muito tranquilo.
Chegamos ao shopping que aloja a Estácio Madureira e após um lanchinho natureba, fomos ao local onde seria exibido o doc.
Apenas cinco pessoas assistiram ao doc e, nesse meio tempo, fui entrevistado pela TV da faculdade. Ao final da exibição rolou um bate papo bem bacana com os presentes. Tudo bem intimista, o que dá pra se expressar melhor, sem muita pressão.
Saímos voados em direção à UERJ, pois antes da exibição do doc, iríamos gravar uma participação no programa de rádio da faculdade. O trem demorou muito pra passar e quando descemos na estação Maracanã, nosso tempo já havia se esgotado.
Então tivemos tempo para registrar uma foto com panca de turista em frente ao Maracanã. O Calvin jamais me perdoaria se eu não tivesse feito esse registro. Nem eu.
Chegando na UERJ, conhecemos o espaço onde seria exibido e um professor que iria participar do debate. Conheci nesse intervalo o professor da turma de Educação, André Brown, que já trabalha com fanzines em sua disciplina há algum tempo. Sem pestanejar, levou sua turma inteira para o local! Casa cheia!
Além dos alunos, também fui presenteado com a presença de Deise Santos, Zé Colmeia, Roberto Holanda. Amigos de longa data!
O debate foi muito bacana, falamos sobre contracultura, internet e fanzines como ferramenta pedagógica. Saímos todos felizes, pois vários objetivos foram conquistados e superados!
Clique aqui para ver as fotos feitas por Michael Meneses!
Por conta da correria do dia inteiro e ainda carregando uma bolsa pesada, estava muito cansado e doido por uma cama confortável, mas me conveceram a ir para a Lapa tomar uma, pois, segundo eles “ir para o Rio e não conhecer a Lapa é um crime”. OK, fomos pra lá de taxi.
Confesso que quando desci no local, uma emoção tomou conta de mim. Não, não chorei.
Embora achar um absurdo pagar 50 pilas em uma pizza, estávamos com fome e sede. E resolvemos isso rapidinho. Ricardo e a namorada foram embora cedo e logo em seguida chegou Alexandre Bolinho e Wellington Francisco. Fechamos a conta e partimos para um boteco, onde estávamos mais à vontade, como direito de Bolinho fazer versões em samba de clássicos do punk. Nascia aí o sambapunk!
O caminho até a casa de Michael era longo, Marechal Hermes. Fui muito bem recepcionado, com direito a uma cama, cedida pelo anfitrião. Um banho para tirar o cansaço e bons sonhos!
Acordamos cedinho, pois teria que seguir para Resende, e Michael tinha aula na pós-graduação. Após um café e tentar entender a matéria sobre a salvação de larvas no Globo Ecologia, partimos sentido à rodoviária Novo Rio.
Antes de descer do ônibus, na Avenida Brasil, vi de perto as mensagens do Profeta Gentileza. Mais uma vez me emocionei. E fotografei, claro.
Ao fundo, o Cristo Redentor, visto de um ângulo que as pessoas não costumam fotografar, com um córrego em primeiro plano. Lembrei automaticamente de uma cena de “Quem quer ser milionário”, em que aparece o Taj Mahal em um ângulo parecido.
Segui então para Resende. Não consegui dormir no caminho, seguindo o conselho da mãe do Michael, mas fiquei descansado.
Chegando na rodoviária, meia hora antes do previsto, resolvi almoçar antes de ligar para meu próximo anfitrião. Assim que me encaminhava para a mesa, a moça da TV anunciava que o Sócrates, um cara que admiro muito, estava na UTI. Curiosamente, a minha mala é da “grife” do grande meio-campo da seleção histórica de 1982. Nem precisa dizer que fiquei abalado.
Logo, Rafael Fralda veio me buscar para me levar até o Subterranea, onde aconteceria a terceira exibição do doc. O local, uma casa antiga, é muito agradável e convidativa. Fui recepcionado por Ive Môco e o residente Frito, que assistia a filmes B.
Passei o dia assistindo à série “O mundo de Matsumoto”. Uma série produzido por um colaborador da casa que, apesar do nonsesismo, tem algumas mensagens bacanas.
Antes de começar o evento, conheci o segurança Sérgio, que me contava umas histórias conspiratórias, que me lembrou ous punks 77, com o seu “no future”. Ainda bem que Fralda o chamou e o assunto miou. Ufa!
Comeeeça o evento e a primeira ação é a exibição do doc. Muitas pessoas se rodearam em frente à TV para ver o filme. Foi curioso perceber que muitas das coisas que os personagens falavam eram identificados pelos presentes. Ao final, rolou um bate-papo muito bom, mediado por Carlos Braz. Estava muito realizado.
Enquanto rolava o show do The Alchmists, fui comer alguma coisinha, quebrar meu dente e ainda bater um papo muito bacana com um cidadão sobre Tom Zé, Hermeto e Jorge Ben. E a sonzeira rolando!
No show do Kiore, o frio já estava pegando, mas a galera estava à mil, se divertindo também no outro ambiente que rolavam uns sons muito bacanas e que eu não ouvia há tempos.
O sono me consumiu e fui pro colchonete, mas antes, um bom banho veio bem.
Dormi direto. Acordei em torno de 9h30 com a visão de diversas pessoas dormindo no mesmo cômodo. Com receio de acordar a galera e também por não saber como sair dali, resolvi esperar até alguém acordar naturalmente. E isso aconteceu em torno de 12h!
Nesse intervalo, meu estômago pedia algo, mas tentei me controlar conversando com amigos pelo celular.
Um cafezinho antes de Fralda me levar para almoçar em um dos poucos comércios abertos no domingo. Pegamos a Ive, a Carla e uma menina que não sei o nome, mas que é muito engraçada e seguimos para Barra Mansa.
Mas antes de ir pra Barra Mansa, veja o vídeo do evento do Subterranea:
Fui recebido pela simpática Ana Gilda e Luciana, que me deixaram bem à vontade para organizar o filme. Me despedi da turma e fiquei sabendo que uma turma de magistério iria assistir ao doc. Fiquei muito empolgado, pois gosto muito de trabalhar com educadores.
Perguntei se alguém sabia o que era fanzines. Ninguém sabia. Antes de começar, fiz um resumo do que se tratava e de que forma ele poderia ser utilizado na Educação.
Foi bacana o bate papo, depois ainda distribuí autógrafos. Calma, não subiu o estrelismo! É a folha de estágio para as meninas apresentarem na escola.
Fechei com chave de ouro as exibições do Fanzineiros!
Depois de um lanchão reforçado, segui para o Parque da Cidade, onde iria me encontrar com Xan Braz, que estava fazendo um curso de cinema na tenda do Cine Tela Brasil.
Seguimos para a Casa do Baralho, em Volta Redonda, onde ficamos falando de coisas, sobre planos para o doc e ainda prestigiamos diversas ilustrações de Lauro Roberto, que aparecerá em breve nos próximos capítulos.
Ainda deu tempo de assistir ao documentário do Foo Fighters. Banho e cama.
No dia seguinte, acompanhei Xan em sua luta diária, cuidando do simpático Bernardo e ainda pude experimentar a sua comida e um molho que inventou.
Mais tarde, Xan me deixou na rodoviária com destino a São Paulo. Com a bagagem cheia de novidades e com as baterias recarregadas, segui meu caminho de volta à batalha.
Foi uma experiência muito bacana, que representou muito para mim. Jamais esquecerei tudo isso, sobretudo o carinho das pessoas que me receberam, acompanharam e acreditaram no meu trabalho.
Agradeço de coração a cada um que esteve comigo nessa jornada!